Regra áurea aplicada por tão poucos músicos hoje em dia: A música não deve vir em segundo plano, em detrimento ao esquema comercial de vendas.
“DKANDLE tece paisagens sonoras transcendentes vibrantes e multicoloridas, misturando texturas Shoegaze difusas e reverberantes, meditações Dream Pop hipnotizantes, tons Grunge lamacentos e tensões Post-punk temperamentais, intensificadas com lirismo comovente e vocalizações emotivas e pensativas”
Hoje o showbiz domina até outras áreas como o design e a arquitetura: o mercado se apropria de tudo para ganhar dinheiro, então agora fabricam o super-star do design, o super-star da arquitetura... Isso coisa do final de séc. 20 para cá. O showbiz se apropria de tudo pelo dinheiro. A música tem que estar fora desse esquema. Não é que tenha que deixar de estar associada ao showbiz - impossível, pois o showbiz é a máquina que faz a música se tornar conhecida, e de nada adiantaria alguém fazer uma música e deixá-la engavetada- , mas o privilégio deve ser sempre da música, e não do retorno financeiro proporcionado pela música.
Vemos a Grande Imprensa contaminada pelo esquema corrompido já instalado no showbiz, com gravadoras bancando milhares de dólares para que as músicas dos seus artistas contratados toquem nos programas de rádio e na maioria das emissoras de TV. Por outro lado, também há os jornalistas que recebem favores, financeiros ou não, em troca de matérias; bandas/artistas que não fazem o esquema do jornalista não obtêm sua benção.
Em vez de a maioria dos artistas estarem preocupados com a essência da sua Música, estão mais preocupados com a exposição, com a vitrine do showbiz... Isso tudo só força o artista a adaptar e podar sua arte. Isso é um crime, chega disso!
Vender música é absolutamente OK; mas "vender-se" para vender música é absolutamente execrável.
Vamos criar zonas espontâneas de liberdade, comunidades criadas no mundo baseadas na metáfora das irmandades que sobrevivem fora do sistema. Na década 50, os últimos pedaços de terra "virgem" do planeta foram apropriados por nações, na Antártica. Desde então, não existe um só milímetro do planeta que não faça parte de algum estado, que não esteja sujeito a alguma lei.
Então vamos fazer festas e celebrações, vamos juntar um grupo de pessoas que estão fora disso, que curtem aquela música totalmente sem compromisso com o "mercado". Ali é o nosso lugar... As pessoas comuns nem sabem da sua existência. O senso-comum se contenta em gastar centenas de reais em mega-festivais corporizados cuja única filosofia é ganhar dinheiro. Nós estamos à parte disso. É quase como se fosse uma sociedade secreta, onde todos se encontram apenas para celebrar o mundo e a vida, longe da influência corroída da sociedade mecanizada e impessoal.
Mas não temos como viver fora da zona dominada pelo estado, pois o planeta inteiro está dominado; vamos viver dentro dele, mas fora da matrix, numa rede paralela e subversiva. E essa rede se forma por irmandades e afinidades. Como o tráfego de informação é de graça e sem censura, você pode emburacar nesse mundo. Podemos sim viver fora desse círculo mainstream decadente.
Não que você deva deixar de ouvir rádio ou ler colunas de jornais e revistas de música; mas você pesquisou sobre o dj/jornalista que está indicando bandas se ele está fazendo isso porque gostou da banda ou porque está sendo pago para isso? Se tiver a menor suspeita do segundo caso, faça um favor a você mesmo e evite se alimentar por essa fonte - é veneno para a mente! Mesmo!! Não se submeta mais ao gosto de meia dúzia de jornalistas e emissoras de rádio que decidem o que você deve ouvir, porque o que eles indicam não é necessariamente bom, mas porque essa indicação faz bem para o bolso deles.
Não é impossível viver à parte disso. Basta não ter preguiça de se informar sobre o que rola "por fora": procure fora do esquemão contaminado do showbiz. A Internet taí e é a melhor ferramenta para isso. Ajude-se a se ajudar!
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Edição #4
Rio de Janeiro, 2001