


Veio através de um sonho... Jr Tostoi teve a ideia de usar o nome Vulgue Tostoi através de uma imagem que viu enquanto sonhava. "Sonhei com esse nome, VULGUE LED ZEPPELLIN TOSTOI há vários anos, e guardei o Vulgue Tostoi para ser usado mais tarde". Nesta entrevista, Jr. Tostoi (programação, guitarra) e Marcello (vocal) nos contam um pouco sobre o lançamento do seu CD de estreia, Impaciência, e batem um papo com a gente sobre outros assuntos.
Edição #5
Rio de Janeiro, 2002
TAGS: bandas, entrevista, música, rock, underground, vídeos

“DKANDLE tece paisagens sonoras transcendentes vibrantes e multicoloridas, misturando texturas Shoegaze difusas e reverberantes, meditações Dream Pop hipnotizantes, tons Grunge lamacentos e tensões Post-punk temperamentais, intensificadas com lirismo comovente e vocalizações emotivas e pensativas”
TRANZINE - O Vulgue Tostoi pode ser considerado uma banda trip hop? Quais são suas maiores influências?
JUNIOR - Não considero uma banda de Trip Hop. Se dissesse isso, estaria fechando portas pra outras influências e pensando "pequeno" como a maior parte da mídia. Somos uma banda de rock que escuta de tudo e estamos sempre de braços abertos pra coisas novas, não só musicalmente, mas em arte em geral. Experiências de vida podem influenciar nosso som.
MARCELLO - Quem escutar o cd vai perceber que várias tendências da música eletrônica costuram o nosso trabalho. Por sermos pessoas com gosto musical muito variado, é normal que essas influências se mesclem e resultem no que é o Vulgue Tostoi.
TRANZINE - Por qual gravadora vocês lançaram o CD de estreia, "Impaciência", e por que esse nome?
JUNIOR - Lançamos pela Net Records depois de muita conversa. Precisamos de mais pessoas aqui no Brasil que pensem novo e queiram realmente deixar uma marca no mercado. Esse é o título de uma música nossa que "retrata" toda nossa impaciência com o país, mas refletida no mercado das artes.
TRANZINE - Que shows em especial vocês mais gostaram de ter tocado?
JUNIOR - Com certeza foi no Abril Pro Rock. Casa cheia e público maravilhoso a fim de conhecer sons novos. O show do Ballroom agora dia 07 também foi ótimo de ter feito.
MARCELLO - O show do Abril Pro Rock foi muito bom e importante para nós, mas o show de lançamento do cd IMPACIÊNCIA foi um marco na história do Vulgue, foi onde depois de muito tempo conseguimos realizar um show completo artisticamente, onde pudemos pôr nossas ideias em prática e ter controle sobre todas as etapas como, por exemplo a concepção do palco.
TRANZINE - Qual foi a participação de vocês no CD do Lenine? Como rolou o convite?
MARCELLO - Nós chegamos ao trabalho do Lenine através do Tom Capone que estava produzindo o "Na pressão" e que apresentou o cdemo do Vulgue para o Lenine. Ele queria uma programação para a música "Relampeando" , que é uma música maravilhosa, e nós fizemos. Mas a nossa concepção de programação engloba mais do que as batidas em si, já que curtimos pesquisar sons e instrumentos diferentes. Gravamos umas percussões e o Junior gravou umas guitarras. O Lenine gostou muito e ficou no disco, ainda com o acordeom do Dominguinhos.
TRANZINE - O que vocês acham da cena funk dos Tigrões e das Popozudas que "dominou" as paradas?
JUNIOR - Acho normal. Já existia isso antes e em algum momento ia estourar. Pela situação econômica do Brasil, acho sempre louvável novos geradores de emprego pra galera que não tem nenhuma chance. Agora, se neguinho não curte o som, aí é outra coisa.
MARCELLO - O movimento Funk carioca é uma coisa muito antiga, equipes como Cashbox e Furacão 2000 têm no mínimo uns dez anos. Acho um tipo de som estranho (no bom sentido), mas com uma identidade muito própria e que por ter resistido tanto tempo em um gueto, independente de mídia, já provou ter sua força. Agora quanto as letras e a apelação sexual, acho injusto a crucificação do funk. Isso é um problema do Brasil e da mídia irresponsável que limita o espaço artístico em uma guerra por pontos no IBOPE. E infelizmente putaria e idiotices dão IBOPE. Acho que por muito tempo ainda seremos o puteiro do mundo.
TRANZINE - Vocês acham que a situação geral melhoraria caso todas as drogas ou apenas algumas fossem industrializadas?
MARCELLO - Acho muito complexa essa discussão sobre drogas, com certeza colocar alguns pingos nos is, ajudaria muito. Não dá pra tratar todas as drogas da mesma forma, talvez mais clareza nesse papo ajudasse até em diminuir o uso. A verdade é que a droga é consequência de uma série de distorções de valores. Falta de informação, de perspectiva de trabalho, a transformação do ser humano em um número de série sem individualidade e o total descaso com a infância, entre outras causas. Antes de tentar resolver se libera ou não, temos um longo trabalho de educação . O que as pessoas precisam é ter preparo e responsabilidade para poder escolher entre o que é certo e errado.
JUNIOR - Nesse país tudo é possível. Não acho impossível por exemplo que "legalizem" a maconha. Não sou a favor aqui de legalizarem tudo. Na Suíça onde liberaram a heroína, com o governo sempre distribuindo seringas (o que acontece até hoje) não "deu certo"... E olha que lá é primeiro mundo... Aqui temos outras coisas mais importantes pra serem cuidadas. O que adianta legalizar drogas num país em que a grande parte do povo não tem noção dos seus direitos e nem conseguem se comunicar direito, pois não tem chances de aprender?
TRANZINE - Se vocês fossem levados para uma ilha deserta e só pudessem levar 3 discos, quais vocês levariam?
MARCELLO - "Senhas", Adriana Calcanhoto; "Dark Side of the Moon", Pink Floyd; "Mezzanine", Massive Attack.
JUNIOR - Essa é difícil. Faria uma coletânea em 3 cds em casa aproveitando essa tecnologia maravilhosa e acessível. ¤

Foto: Pedro Serra
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